Doval, o "Gringo" Ídolo do Flamengo: A História do Argentino "Mais Brasileiro" que Virou Rei no Maracanã

 Antes da Geração de Ouro dos anos 80, em uma era de futebol mais cadenciado e técnico, um argentino "endiabrado" conquistou o coração da Nação Rubro-Negra. Narciso Doval, ou simplesmente Doval, não foi apenas um jogador; foi um personagem, um ídolo carismático que combinava a raça portenha com a malandragem do Rio de Janeiro. Com um futebol habilidoso e um faro de gol apurado, "El Gringo", como era carinhosamente chamado, teve duas passagens marcantes pelo clube e se eternizou como o parceiro ideal de um jovem gênio que começava a brilhar: Zico.



O "Gringo" com Alma de Malandro: A Primeira Passagem

Doval chegou ao Flamengo em 1969, vindo do San Lorenzo, da Argentina. Em um time que contava com outros craques, ele rapidamente se destacou. Era um atacante diferente: não era um centroavante fixo, nem um ponta clássico. Flutuava pelo ataque com uma inteligência rara, dribles curtos e uma finalização precisa. Mais do que isso, ele se adaptou perfeitamente à alma carioca. Abraçou a cidade, a praia, a vida noturna e, principalmente, a torcida do Flamengo, que o adotou como um de seus filhos mais queridos.

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O Parceiro Ideal: A Dupla Inesquecível com o Jovem Zico

Após uma passagem de sucesso pelo nosso rival Fluminense, Doval retornou à Gávea em 1975 para sua segunda e mais emblemática passagem. Foi nesse período que ele formou uma das duplas de ataque mais técnicas e celebradas da história do clube com um jovem Zico, que despontava como o futuro Rei.

Doval era o parceiro perfeito. O veterano experiente, inteligente e generoso, que entendia o jogo e criava os espaços para a genialidade do Galinho florescer. A sintonia entre o argentino e o garoto de Quintino era telepática, produzindo jogadas e gols antológicos que levaram o Flamengo ao título do Campeonato Carioca de 1974 (conquistado no início de 75) e a grandes campanhas. Para Zico, Doval não foi apenas um companheiro; foi um mentor em campo.

Um Ídolo de Duas Casas e a Rivalidade Sadia

Uma curiosidade na carreira de Doval é que ele também se tornou ídolo no Fluminense, onde foi campeão brasileiro em 1970. Essa dupla idolatria, em uma época de rivalidade menos hostil, apenas atesta o tamanho de seu talento e carisma. Ele era tão bom que era impossível odiá-lo, mesmo vestindo a camisa do maior rival.

O Legado do Rei Argentino do Rio

Doval deixou o Flamengo em 1976, mas seu nome ficou gravado para sempre. Ele é, sem dúvida, um dos maiores jogadores estrangeiros que já vestiram o Manto Sagrado. Sua história é a do "gringo" que entendeu perfeitamente o que era ser Flamengo, que jogou com paixão, arte e alegria.

Falecido precocemente em 1991, aos 47 anos, Doval deixou uma imensa saudade e a memória eterna de um futebol vistoso e de sua parceria inesquecível com o maior de todos. Um verdadeiro Rei argentino no Maracanã.


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