Existem ídolos que precisam de uma década para cravar seu nome na história. E existe Fábio Luciano. Em apenas dois anos e meio, um zagueiro veterano, com a seriedade de um xerife e a liderança de um general, chegou, colocou ordem na casa, empilhou taças e se aposentou no auge, deixando para trás um legado que culminaria em um título brasileiro. A passagem de Fábio Luciano pelo Flamengo foi curta no tempo, mas gigante em impacto. Esta é a história do capitão que, com sua raça e voz de comando, se tornou o "Xerife da Gávea".
A Chegada de um Comandante
Quando desembarcou no Flamengo, em 2007, Fábio Luciano já era um jogador consagrado. Capitão e campeão brasileiro pelo Corinthians e com uma passagem vitoriosa pelo Fenerbahçe, da Turquia, ele chegou com o status de xerife, a peça que faltava para trazer liderança e solidez a uma defesa que sofria com a instabilidade. Sua adaptação foi imediata. Ele não precisou de tempo para entender o que era o Flamengo; ele vestiu a camisa 13, assumiu a faixa de capitão e se tornou o comandante que a Nação tanto esperava.
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O Xerife e sua Muralha: A Parceria com Ronaldo Angelim
Fábio Luciano era um zagueiro clássico: forte, leal, soberano no jogo aéreo e com uma capacidade de liderança natural. Em campo, sua voz era a lei. Mas foi ao lado de Ronaldo Angelim que ele formou uma das duplas de zaga mais queridas e eficientes da história recente do clube. Eles eram a parceria perfeita: Fábio Luciano era a explosão, a voz de comando, o "xerife"; Angelim era a calma, a técnica silenciosa, o "Magro de Aço". Juntos, formaram uma muralha que deu a segurança necessária para o time brilhar.
O Capitão do Penta Tri
Foi sob a liderança de seu capitão que o Flamengo conquistou o quinto tricampeonato carioca (2007, 2008 e 2009). Fábio Luciano foi o responsável por erguer as três taças, todas conquistadas em finais épicas contra o arquirrival Botafogo. Ele era a personificação da raça e da seriedade daquela equipe, um líder que não admitia corpo mole e que representava perfeitamente o espírito da arquibancada dentro de campo.
A Despedida Perfeita e o Legado do Hexa
O capítulo final da história de Fábio Luciano no Flamengo foi digno de um roteiro de cinema. No auge da forma e da idolatria, após a conquista do tri em maio de 2009, ele anunciou sua aposentadoria do futebol. Sua despedida foi no pódio, erguendo a taça de campeão. Mas seu legado não parou ali.
Aquele time, com a base sólida, a mentalidade vencedora e a organização defensiva que ele ajudou a construir, seguiria em frente no Campeonato Brasileiro. Meses depois, a equipe liderada por Adriano e Petković conquistaria o Hexacampeonato Brasileiro. Fábio Luciano não estava em campo, mas o título de 2009 tem, e muito, as suas digitais. Ele foi o homem que arrumou a casa e deixou a fundação pronta para a maior glória daquela geração. Em pouco tempo, o Xerife se tornou eterno.