Houve um tempo em que o futebol era menos sobre tática e mais sobre pura magia, deboche e arte. E poucos jogadores foram mágicos tão talentosos e, ao mesmo tempo, tão genialmente "marrentos" quanto Djalma Feitosa Dias, o Djalminha. Cria da Gávea, ele não teve uma longa história como protagonista absoluto no Flamengo, mas seu talento absurdo, sua canhota calibrada e sua personalidade forte o levaram a ser o melhor jogador do Brasil e um ídolo inesquecível na Espanha. Esta é a saga de um dos artistas mais habilidosos e polêmicos que o nosso Ninho já produziu.
O Berço Rubro-Negro: A Joia da Gávea
Veja também:
O Maestro Silencioso: A História de Arrascaeta, o Gênio Uruguaio que Virou Rei no Flamengo
3 a 0: O Dia em que o Flamengo Ensinou o Liverpool a Jogar Bola
Charles Guerreiro: A História do Volante que Personificou a Raça Rubro-Negra no Penta de 92
O Ano Mágico: A História de 2019, o Ano em que o Flamengo Atingiu o "Outro Patama"
Filho do lendário zagueiro Djalma Dias, Djalminha já nasceu com o futebol no sangue. E foi no Flamengo que ele foi lapidado. Fazendo parte de uma safra espetacular de talentos no final dos anos 80 e início dos 90, ao lado de nomes como Júnior Baiano, Marcelinho Carioca e Paulo Nunes, ele rapidamente se destacou. Meia-atacante canhoto, era dono de um repertório de dribles impressionante, com lambretas, elásticos e uma criatividade sem limites.
Ainda jovem, fez parte de elencos vitoriosos, conquistando a Copa do Brasil de 1990 e, principalmente, o Campeonato Brasileiro de 1992, como uma peça importante no time comandado pelo Maestro Júnior.
O Auge no Brasil: O Show no Guarani e a Coroação no Palmeiras
Após deixar o Flamengo, Djalminha teve uma passagem espetacular pelo Guarani, formando um trio de ataque infernal com Amoroso e Luizão. Mas foi no Palmeiras, em 1996, que ele atingiu seu auge no Brasil. Naquele ano, foi o maestro de um time que entrou para a história ao marcar mais de 100 gols no Campeonato Paulista. Djalminha foi eleito o melhor jogador do Brasileirão daquele ano, sendo unanimemente considerado o maior craque em atividade no país.
O Mágico de Riazor: A Idolatria no "Superdepor"
Seu talento atravessou o oceano e desembarcou na Espanha, para se tornar um dos pilares do lendário "Superdepor". No Deportivo La Coruña, Djalminha virou ídolo. Suas jogadas geniais, seus gols de "cavadinha" e sua ousadia encantaram a torcida e o levaram ao maior feito da história do clube: a conquista do título da La Liga na temporada 1999-2000, desbancando os gigantes Real Madrid e Barcelona.
O Gênio e o Gênio Forte: A Cabeçada que Custou uma Copa do Mundo
A mesma personalidade que o tornava um jogador destemido em campo, por vezes lhe trazia problemas. O episódio mais famoso e lamentável de sua carreira aconteceu às vésperas da Copa do Mundo de 2002. Presença praticamente certa no grupo que seria pentacampeão, Djalminha se envolveu em uma discussão durante um treino do La Coruña e deu uma cabeçada em seu técnico, Javier Irureta. O ato de indisciplina foi a justificativa perfeita para o técnico do Brasil, Felipão, cortá-lo da convocação final. Foi o momento que, para muitos, custou a Djalminha a chance de se eternizar com a camisa da Seleção.
Um Legado de Pura Arte (e Polêmica)
A carreira de Djalminha é a de um artista. Um jogador que valorizava o espetáculo, o drible, a jogada bonita. Para a Nação Rubro-Negra, ele é o orgulho de ser uma "Cria do Ninho" que se tornou um dos jogadores mais habilidosos de sua geração em todo o mundo. Embora seu auge tenha sido com outras camisas, seu talento inegável e sua origem na Gávea garantem a ele um lugar especial na nossa vasta galeria de craques.