No panteão de heróis do Flamengo, alguns são reverenciados pela classe, outros pela raça e alguns pela genialidade. Gabriel Barbosa, o Gabigol, conquistou seu lugar na eternidade por algo diferente: ele é o ídolo da catarse, do gol no último minuto, o herói predestinado para os momentos impossíveis. Vindo de uma passagem frustrante na Europa, ele chegou ao Flamengo em 2019 e não apenas se reencontrou; ele personificou a alma de um time que reaprendeu a dominar. Esta é a história do Príncipe da Nação, o homem do "Hoje tem gol do Gabigol" e o herói imortal da final de Lima.
O "Menino da Vila" e a Dura Prova da Europa
Desde que surgiu como um raio na base do Santos, Gabriel Barbosa era tratado como uma das maiores promessas do futebol brasileiro. Habilidoso, marrento e com um faro de gol impressionante, o "Gabigol" conquistou o Brasil e rapidamente se transferiu para a Europa, para a Inter de Milão. No entanto, o sonho europeu se transformou em um duro teste. Sem conseguir se firmar na Itália e em um breve empréstimo ao Benfica, ele voltou ao Santos em 2018 para provar seu valor. E provou. Foi o artilheiro do Brasil, mostrando que seu talento continuava intacto. Faltava o palco perfeito para sua consagração.
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2019: A Chegada de um Furacão ao Maracanã
Quando o Flamengo o anunciou como seu novo camisa 9 para a temporada de 2019, a Nação sentiu que algo especial estava por vir. E foi. A sintonia de Gabigol com o clube, com a torcida e com seus companheiros foi instantânea e avassaladora. Ao lado de Bruno Henrique, formou uma das duplas de ataque mais letais da história do futebol sul-americano.
Sob o comando de Jorge Jesus, ele se tornou a ponta de lança de um time que jogava por música. Sua celebração, mostrando os músculos, e a famosa plaquinha "Hoje tem gol do Gabigol" viraram febre nacional, o símbolo de um time que não pedia permissão para vencer. Ele foi o artilheiro do Brasileirão e da Libertadores, uma façanha que o colocou em um patamar de domínio absoluto.
O Herói de Lima: "Glória Eterna a Gabriel Barbosa!"
Se 2019 foi o ano mágico, o dia 23 de novembro, em Lima, no Peru, foi o momento da eternidade. Na final da Libertadores contra o River Plate, o Flamengo perdia por 1 a 0 até os 43 minutos do segundo tempo. A taça, que não vinha há 38 anos, parecia escapar novamente. Foi quando o predestinado decidiu que a história seria diferente.
Aos 89 minutos: Em uma jogada de pura insistência, ele empata o jogo, levando a Nação à loucura.
Aos 92 minutos: Em um lance que parecia improvável, ele recebe a bola na área e fuzila o goleiro Armani, virando o jogo de forma épica.
Naqueles três minutos, Gabigol deixou de ser um craque para se tornar uma lenda. O homem que, com dois toques, devolveu a América ao Flamengo.
Um Colecionador de Títulos e Polêmicas
Após o auge em 2019, Gabigol continuou a ser uma figura central no Flamengo. Empilhou títulos, incluindo outro Brasileirão (2020), a Copa do Brasil (2022) e mais uma Libertadores (2022), onde, mais uma vez, marcou o gol do título na final contra o Athletico-PR.
Sua trajetória, no entanto, também foi marcada por momentos de polêmica e por períodos de queda de rendimento. Mas mesmo em suas fases mais questionadas, ele manteve o status de jogador decisivo, de ídolo que a torcida confia nos momentos de maior pressão.
O Legado de um Príncipe Moderno
Hoje, 16 de agosto de 2025, Gabriel Barbosa já está consolidado como um dos maiores atacantes e ídolos da história do Flamengo. Seus gols, títulos e, principalmente, sua personalidade forte e sua conexão com a arquibancada o transformaram em um fenômeno. Gabigol não foi apenas o artilheiro de uma geração vitoriosa; ele foi o símbolo dela. O herói improvável dos minutos finais, o Príncipe que a Nação aprendeu a amar e que, para sempre, terá seu nome gritado como o homem que nos deu a Glória Eterna.