Nunes, o Artilheiro das Decisões: A História do Homem Predestinado para a Glória

 Em um time de artistas e maestros, toda orquestra precisa de seu solista finalizador. O homem do último toque, da explosão, do gol. Para a Geração de Ouro do Flamengo, esse homem era João Batista de Salles, mas para a Nação Rubro-Negra, ele tinha um nome que era uma sentença: Nunes, o Artilheiro das Decisões. Longe de ser o atacante mais técnico ou plástico, Nunes possuía uma característica rara e mística: uma predestinação para marcar nos jogos mais importantes. Ele era o amuleto, o talismã, o matador que vivia para os momentos de pressão máxima. Esta é a história do centroavante cujos gols estão eternamente gravados nos troféus mais cobiçados da história do Flamengo.



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O "João Danado" Antes do Manto: A Chegada de um Goleador

Antes de se tornar um ídolo no Flamengo, Nunes, apelidado de "João Danado", já era um atacante respeitado no futebol brasileiro. Com passagens por clubes como Fluminense e um período de grande idolatria no Santa Cruz, ele era um goleador estabelecido quando chegou à Gávea em 1980. Sua missão era clara: ser a referência na área, o finalizador poderoso que a genialidade do meio-campo de Zico e Adílio precisava para converter seu domínio em gols. Ele não decepcionou.

A Anatomia de um Predador: O Centroavante "Raiz"

Nunes era um centroavante "raiz". Não espere dele dribles desconcertantes ou jogadas de efeito. Sua genialidade estava na simplicidade e na eficiência mortal. Forte, brigador e com um senso de posicionamento extraordinário, ele era um tormento para os zagueiros. Sabia usar o corpo como poucos para proteger a bola, o que lhe rendeu o apelido de "O Pênalti", pela quantidade de faltas que sofria dentro da área. Seu negócio era um só: colocar a bola para dentro do gol, especialmente quando tudo estava em jogo.

A Galeria Imortal: Os Gols que Valeram Títulos

O apelido "Artilheiro das Decisões" não é uma hipérbole; é um fato histórico. A carreira de Nunes no Flamengo é definida por seus gols em finais.

  • Brasileirão 1980: O Primeiro Grito de Campeão Na grande final contra o Atlético-MG, no Maracanã, o Flamengo precisava da vitória. E Nunes foi o herói da conquista. Ele marcou dois dos três gols na vitória por 3 a 2 que deu ao Flamengo seu primeiro título de Campeonato Brasileiro.

  • Mundial 1981: A Coroação em Tóquio Seu maior momento. Na partida mais importante da história do clube, contra o poderoso Liverpool, Nunes foi o executor. Ele marcou dois gols na vitória inesquecível por 3 a 0. O primeiro, recebendo um passe mágico de Zico e tocando com frieza na saída do goleiro. O segundo, driblando o arqueiro inglês para fechar o caixão e sacramentar a conquista do mundo.

  • Brasileirão 1982: O Golpe de Misericórdia no Olímpico Na final contra o Grêmio, após dois empates, a decisão foi para o terceiro jogo em Porto Alegre. Em um jogo tenso, foi de Nunes o único gol da partida, garantindo o bicampeonato brasileiro para o Flamengo em pleno estádio do adversário.

Um Legado de Momentos Decisivos

A passagem de Nunes pelo Flamengo pode não ter sido a mais longa, mas foi, sem dúvida, uma das mais impactantes. Ele não é lembrado pela quantidade de gols, mas pela importância deles. Nunes personifica o "jogador de final", o atleta de personalidade gigante que não se esconde nos momentos de maior pressão. Enquanto Zico era o gênio que criava a jogada, Nunes era o predestinado que a concluía. Seu nome não está apenas na lista de ídolos do clube; está gravado a fogo nas estrelas douradas que o Flamengo ostenta com orgulho em seu peito.

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