Dossiê Ídolos em Xeque (9/10): Romário, o Gênio do Gol em uma Eterno Caso de Amor e Ódio

 Ele chegou em 1995 como o melhor jogador do mundo, a maior contratação da história do clube, o centro do "Ataque dos Sonhos". Romário de Souza Faria, o "Baixinho", foi um fenômeno com o Manto Sagrado, uma máquina de fazer gols que nos deu alegrias inesquecíveis. Sua genialidade é indiscutível. No entanto, sua personalidade forte, suas saídas conturbadas e, principalmente, suas passagens pelos nossos maiores rivais, criaram uma relação de amor e ódio, uma eterna discussão sobre seu verdadeiro lugar no panteão rubro-negro. Afinal, Romário foi um ídolo, um craque que passou, ou os dois?



A Glória: A Chegada do Melhor do Mundo e o "Ataque dos Sonhos"

Em 1995, ano do centenário do clube, o Flamengo chocou o mundo ao tirar Romário do Barcelona. Ele era o atual melhor jogador do mundo pela FIFA, no auge de sua carreira. Sua chegada foi um evento nacional. Ao lado de Sávio e Edmundo (por um breve período), formou o lendário "Ataque dos Sonhos". Em campo, foi o que se esperava: um artilheiro implacável. Foi bicampeão carioca invicto (1996 e 1999) e artilheiro de praticamente tudo o que disputou, nos presenteando com golaços antológicos, como o famoso "elástico" em Amaral no clássico contra o Corinthians.

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A Ruptura: O Baixinho Veste Outras Cores

A complexidade da relação de Romário com a Nação reside em sua trajetória pós-Flamengo. Um ídolo que joga por um rival já causa uma ferida. Romário foi além. Após deixar a Gávea, ele não apenas vestiu a camisa do Vasco da Gama, nosso maior rival, como também a do Fluminense.

Sua identificação com o Vasco, em especial, foi um golpe duro. Ele não apenas jogou, como brilhou, foi campeão e, nos confrontos diretos, não aliviava. Suas comemorações efusivas e suas declarações provocativas na imprensa transformaram o antigo herói em um carrasco de primeira linha. Ver o Baixinho, que um dia foi nosso maior orgulho, se tornar o símbolo de vitórias do nosso maior inimigo, é o ponto central da mágoa de muitos torcedores.

O Gênio e a Polêmica: Uma Personalidade Incontrolável

Romário sempre foi Romário. Sua "marra", seu amor pela noite e sua sinceridade cortante sempre fizeram parte do pacote. Enquanto vestia nossa camisa, isso era parte do folclore. Quando passou a defender outras cores, sua personalidade forte se tornou uma arma contra nós. Suas provocações e sua aparente falta de nostalgia ou carinho especial pelo Flamengo em suas declarações públicas criaram uma barreira, um distanciamento que o impediu de ter o mesmo status de outros craques que passaram pela Gávea.

O Legado Ambíguo: Craque Inquestionável, Ídolo Debatível

O legado de Romário é o mais ambíguo de todos. Ninguém em sã consciência questiona sua genialidade. Ele é, sem dúvida, um dos maiores atacantes que já vestiram nossa camisa. A gratidão pelos gols e pelos momentos de magia é eterna.

No entanto, a idolatria exige uma via de mão dupla, um senso de lealdade e pertencimento que a carreira "poligâmica" de Romário no Rio de Janeiro nunca permitiu consolidar. Ele é o gênio que amamos ver jogar, mas que também aprendemos a odiar quando estava do outro lado. Um craque inquestionável, mas um ídolo que, para sempre, viverá sob o asterisco da dúvida e do debate.

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