Em 2011, o Flamengo não contratou um jogador; contratou um sonho. A chegada de Ronaldo de Assis Moreira, o Ronaldinho Gaúcho, duas vezes melhor do mundo, foi um evento apoteótico, uma das maiores recepções já vistas na história do futebol. A Gávea parou para receber o "Bruxo". O "Bonde do Mengão sem Freio" estava formado, e a promessa era de uma era de magia e títulos. No entanto, o que começou como a maior festa do século terminou da pior forma possível: com uma saída litigiosa, um processo milionário na justiça e uma quebra de confiança que a Nação jamais esqueceu.
A Glória: O "Bonde do Mengão Sem Freio" e o Título Invicto
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A chegada de Ronaldinho foi um fenômeno. Ele era a estrela máxima de um time que contava com outros grandes nomes, e sua qualidade era inegável. Nos primeiros meses, o sonho parecia real. Ronaldinho comandou o time na conquista do Campeonato Carioca de 2011 de forma invicta, com atuações de gala, como o golaço de falta na final contra o Vasco. A festa era completa. A música "Bonde do Mengão sem Freio" virou o hino daquele time, e R10 era o seu maquinista.
A Ruptura: A Festa Interminável e a Saída pela Porta dos Fundos
Com o tempo, a magia começou a se dissipar. O desempenho de Ronaldinho em campo caiu drasticamente, e os problemas extracampo se tornaram públicos. Sua vida noturna agitada e a suposta falta de comprometimento nos treinos começaram a minar sua relação com o clube e a torcida. O "Bonde" parecia ter perdido o rumo.
A ruptura definitiva, no entanto, veio em maio de 2012. De forma abrupta, alegando atrasos salariais e outros direitos não pagos, Ronaldinho simplesmente deixou de treinar e, dias depois, entrou na Justiça do Trabalho contra o Flamengo, cobrando uma dívida de mais de R$ 40 milhões.
A atitude foi um choque. Para a Nação, não foi uma simples rescisão de contrato, mas um ato de abandono e ingratidão. O ídolo que o clube havia abraçado e que a torcida havia carregado nos braços agora se voltava contra o Flamengo nos tribunais. A festa havia acabado da forma mais amarga possível. Para adicionar sal à ferida, logo após sua saída, ele acertou com o Atlético-MG, onde reencontrou seu grande futebol e conquistou a Copa Libertadores no ano seguinte.
O Legado de uma Decepção
Diferente de outros ídolos que foram para rivais, o caso de Ronaldinho é único. A mágoa não vem de uma rivalidade clubística, mas de uma profunda quebra de confiança e de um sentimento de ter sido usado. Sua passagem é a história de um projeto de marketing que deu errado, um casamento que começou com uma festa de gala e terminou em um divórcio litigioso e público.
O legado de Ronaldinho no Flamengo é o do talento desperdiçado e da maior decepção da nossa história recente. Para a Nação, a memória dos golaços e do título invicto sempre será ofuscada pela imagem do ídolo que, na primeira dificuldade, virou as costas e levou o clube aos tribunais.