Todo título tem seu herói predestinado. E o heroísmo, às vezes, está reservado não para o artilheiro famoso ou para o maestro genial, mas para o guerreiro mais silencioso, o mais trabalhador. Em 6 de dezembro de 2009, a glória do Hexacampeonato Brasileiro procurava um protagonista para seu ato final. E ela encontrou a cabeça de um zagueiro cearense, um gigante humilde chamado Ronaldo Angelim. Esta é a história do "Magro de Aço", o ídolo que, com um gol, se eternizou no panteão dos maiores heróis do Flamengo.
O "Magro de Aço" Cearense: A Chegada de um Pilar
Antes de se tornar herói no Maracanã, Ronaldo Angelim já era uma lenda no Ceará. Ídolo absoluto do Fortaleza, ele era o capitão e o símbolo de um time vitorioso. Seu apelido, "Magro de Aço", era a definição perfeita de seu estilo: um zagueiro alto e esguio, mas com uma força e uma resiliência de aço. Ele chegou ao Flamengo em 2006, sem o alarde das grandes estrelas, mas com a reputação de um defensor extremamente regular e confiável.
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A Muralha Silenciosa ao Lado do Xerife
Na Gávea, Angelim rapidamente se firmou como titular. Seu futebol não era de firulas; era de uma eficiência e seriedade admiráveis. Com um posicionamento impecável e uma grande impulsão, ele se tornou um pilar da defesa. Foi ao lado de Fábio Luciano que formou uma das duplas de zaga mais queridas pela Nação. Se o capitão era o "Xerife" que gritava e comandava, Angelim era a muralha silenciosa, o parceiro leal que garantia a segurança. Juntos, foram peças-chave na conquista do tricampeonato carioca de 2007, 2008 e 2009.
A Cabeçada para a Eternidade: O Gol do Hexa
O momento que transformou Ronaldo Angelim em lenda aconteceu na última e decisiva rodada do Campeonato Brasileiro de 2009. O Flamengo precisava vencer o Grêmio no Maracanã para ser campeão após um jejum de 17 anos. O jogo estava empatado em 1 a 1, tenso, nervoso.
Aos 25 minutos do segundo tempo, escanteio para o Flamengo. Petković cobra com perfeição. E, no meio da zaga gaúcha, o "Magro de Aço" sobe mais alto que todos. Com uma testada firme, certeira, ele manda a bola para o fundo da rede. O Maracanã explode. Era o gol do título, o gol do Hexa, o gol que encerrava a agonia e coroava uma arrancada histórica. O herói improvável, o zagueiro humilde, era o autor do gol mais importante do clube em 17 anos.
Um Legado de Humildade e Glória
Ronaldo Angelim deixou o Flamengo em 2011, retornando ao Fortaleza para encerrar a carreira onde era rei. Seu legado no Flamengo é imenso. Ele é a prova de que não é preciso ser um craque midiático para se tornar um ídolo eterno. Com sua humildade, seu trabalho e, principalmente, com aquela cabeçada que entrou para a história, o "Magro de Aço" conquistou para sempre um lugar no coração da maior torcida do mundo.