Dossiê Ídolos em Xeque (7/10): Juan, o Filho Pródigo que Fez uma "Escala" no Sul, Ele preferiu o Internacional/RS ao Flamengo

 Ele era a classe em forma de zagueiro. Um "Cria da Gávea" com a técnica de um meia e a elegância de um lorde. Juan Silveira dos Santos formou duplas de zaga lendárias, foi pilar da Seleção Brasileira e construiu uma carreira de imenso sucesso na Europa. Para a Nação Rubro-Negra, ele era um ídolo incontestável, e seu retorno para casa após a jornada europeia era tratado como um evento certo, uma questão de tempo. No entanto, quando a hora chegou, o "bom filho" fez uma "escala" inesperada no Sul do país, uma decisão que, para muitos, quebrou o encanto e mudou para sempre o status de sua idolatria.



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A Glória: O Zagueiro-Craque do Tetra Tri

Juan surgiu no final dos anos 90 como um zagueiro diferente de tudo o que se via. Técnico, veloz e com uma qualidade no passe que o permitia construir o jogo desde a defesa. Ao lado do paraguaio Gamarra, formou uma das duplas de zaga mais técnicas da nossa história. Foi um dos pilares e protagonistas na conquista do Tetratricampeonato Carioca (1999-2001) e da Copa dos Campeões de 2001. Seu talento o levou à Europa, onde brilhou pelo Bayer Leverkusen e, principalmente, pela Roma, e à titularidade absoluta da Seleção Brasileira por muitos anos.

A Ruptura: A Volta ao Brasil... para o Lugar Errado

A Nação acompanhou com orgulho a carreira de Juan na Europa, sempre com a certeza de que, quando ele decidisse voltar, seu destino seria a Gávea. A expectativa era por uma recepção de herói, a volta do filho pródigo para reassumir seu posto de ídolo.

Em 2012, a notícia de seu retorno ao Brasil se confirmou. Mas o destino no GPS não era o Rio de Janeiro. Para a surpresa e profunda frustração da torcida, Juan acertou com o Internacional. A decisão de preterir o Flamengo em sua volta foi um golpe duro. A Nação se sentiu deixada de lado. A pergunta que ecoava era: "Por que não voltou para casa?". A escolha pelo clube gaúcho, embora profissional, foi vista como uma falta de consideração e de amor às suas origens.

O Retorno Tardio: Respeito, Mas Sem a Magia de Antes

Quatro anos depois, em 2016, Juan finalmente retornou ao Flamengo. Mas o timing era outro. Ele não era mais o craque no auge voltando da Europa, mas um veterano de 37 anos, vindo de outro clube brasileiro, para encerrar a carreira. A recepção foi de respeito por sua história, mas a magia da idolatria incondicional havia se perdido no caminho para Porto Alegre.

Ele foi um profissional exemplar em sua segunda passagem, um líder importante no vestiário e participou do início da reconstrução do clube, encerrando a carreira em 2019. Mas o status já não era o mesmo. A volta de um ídolo é um momento mágico, e a "escala" de Juan no Sul quebrou esse encanto. Para a Nação, ele é um dos maiores zagueiros que já tivemos, mas a história de sua idolatria sempre terá o asterisco daquele desvio de rota que adiou por tempo demais o seu retorno para casa.

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