Dossiê Ídolos em Xeque (3/10): Jorginho, a Volta que Nunca Aconteceu e a Polêmica Ponte-Aérea para o Vasco

 Ele foi um dos laterais-direitos mais técnicos e inteligentes de sua geração. Uma joia lapidada no Ninho do Urubu, titular absoluto da "SeleFla" de 87, campeão do mundo com a Seleção em 94 e com uma carreira brilhante na Europa. Jorginho tinha tudo para ser um ídolo no mesmo panteão de Zico e Júnior. No entanto, sua trajetória pós-Flamengo foi marcada por uma série de "quases" e desencontros que culminaram em uma decisão que a Nação jamais digeriu bem: a sua volta ao Rio de Janeiro para vestir a camisa do nosso maior rival, o Vasco da Gama.


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A Joia da Gávea e a Conquista do Mundo

Jorginho surgiu no Flamengo na metade dos anos 80 como o sucessor natural de Leandro na lateral-direita. E não decepcionou. Com uma técnica refinada, grande capacidade de apoio ao ataque e uma inteligência tática notável, ele se tornou um dos melhores do Brasil. Foi peça-chave na conquista da Copa União de 1987 e se firmou como o dono da posição. Seu talento o levou para a Europa, onde brilhou por gigantes como o Bayer Leverkusen e o Bayern de Munique, e para a Seleção Brasileira, onde foi o lateral-direito titular na conquista do Tetracampeonato Mundial de 1994.

Os "Nãos" à Gávea: As Voltas que Nunca Aconteceram

Enquanto brilhava na Alemanha, o sonho da Nação era vê-lo retornar. Durante os anos 90, em diversas oportunidades, o nome de Jorginho foi especulado e desejado de volta na Gávea. No entanto, no auge de sua carreira europeia, o jogador, por diversas vezes, recusou as sondagens e propostas do Flamengo, optando por dar seguimento à sua vitoriosa jornada no futebol alemão. A cada recusa, a distância entre o ídolo e a torcida que o revelou aumentava.

O Jogo Virou: A Volta ao Brasil e a Escolha pelo Rival

O tempo passou e, no início dos anos 2000, o cenário se inverteu. Já no final de sua carreira, foi a vez de Jorginho querer voltar ao Flamengo. Ele procurou o clube que o formou, buscando um retorno para encerrar sua trajetória. No entanto, naquele momento, o Flamengo, com outros planos para a posição, recusou a oferta.

O que aconteceu em seguida foi o ato que selou a ruptura para muitos. Sentindo-se preterido pelo clube do coração, Jorginho aceitou a proposta do arquirrival e, para o choque da Nação Rubro-Negra, assinou com o Vasco da Gama. Ver um "Cria da Gávea" tão vitorioso e emblemático, após anos de espera, finalmente retornar ao Rio para vestir a camisa cruzmaltina foi um golpe duro, visto por muitos como uma traição nascida de um orgulho ferido.

O legado de Jorginho é o de um talento inquestionável, um dos maiores laterais da nossa história. Mas sua saga de desencontros com o clube, de recusas mútuas em momentos errados, criou uma distância que o impediu de ter o status de ídolo incondicional, tornando-se o exemplo clássico do "filho pródigo" que, na hora de voltar para casa, acabou batendo na porta do vizinho.

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