No folclore do futebol carioca, poucas provocações são tão famosas e tão diretamente associadas a um clube quanto o termo "chororô". Utilizada pela Nação Rubro-Negra para ironizar as constantes reclamações do Botafogo, a gíria transcendeu as arquibancadas e se tornou parte essencial da cultura do Clássico da Rivalidade. Mas a fama não nasceu do nada; ela foi forjada em finais polêmicas, consolidada por personagens provocadores, embalada por música e, recentemente, imortalizada em um gesto icônico.
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O Berço da Polêmica: A Final do Brasileiro de 1992
A semente do "chororô" foi plantada na final do Campeonato Brasileiro de 1992. Após a vitória e o Pentacampeonato do Flamengo, a diretoria alvinegra iniciou uma longa série de reclamações na imprensa contra a arbitragem. Essa postura de atribuir a derrota a fatores externos foi o estopim que deu origem à provocação.
A Consolidação: O Tri em Cima do Rival e o Personagem "Souza Caveirão"
A fama foi cimentada de forma definitiva nas três finais consecutivas de Campeonato Carioca, entre 2007 e 2009. O Flamengo venceu as três decisões, duas delas nos pênaltis, sempre sob um coro de reclamações do lado rival. Foi nesse período que a provocação ganhou um rosto. O atacante Souza, o "Caveirão", ex-Vasco e um dos heróis daquela sequência, abraçou a rivalidade como poucos. Após o tricampeonato em 2009, ele eternizou a provocação ao vivo na televisão, imitando um choro e mandando o recado direto para a torcida rival, o que incendiou de vez o folclore do clássico.
O "Chororô" Vira Música: O Hino da Arquibancada
A provocação, já consolidada, precisava de uma trilha sonora. E a Nação Rubro-Negra a criou. Com base na melodia da canção infantil "Atirei o Pau no Gato", a torcida compôs um dos seus cantos mais famosos e irônicos, que ecoa até hoje no Maracanã sempre que o adversário é o Botafogo:
E ninguém cala esse chororô
Chora o presidente
Chora o time inteiro
Chora o torcedor
E ninguém cala esse chororô
Chora o presidente
Chora o time inteiro
Chora o torcedor
E ninguém cala esse chororô
Chora o presidente
Chora o time inteiro
Chora o torcedor
A música transformou a gíria em um hino, uma parte oficial do repertório de provocações da arquibancada.
A Nova Geração: O Gesto Imortal de Bruno Henrique
Quando parecia que o "chororô" já estava eternizado, um novo herói adicionou um capítulo visual à saga. Em um clássico recente, o atacante Bruno Henrique, após sofrer uma falta e ouvir a reclamação dos jogadores do Botafogo, virou-se para a torcida alvinegra e fez o gesto inconfundível do "chororô", esfregando os olhos como quem chora. A imagem viralizou instantaneamente, conectando a nova geração de ídolos com a antiga provocação e garantindo que a tradição do "chororô" continue mais viva do que nunca.
O que começou como uma queixa em 1992, virou um símbolo de rivalidade com Souza, ganhou trilha sonora nas arquibancadas e, por fim, foi imortalizado em um gesto por Bruno Henrique. Uma provocação que, definitivamente, entrou para a história.