Em meio a gerações de ídolos formados na Gávea, por vezes a história do Flamengo é marcada por craques que chegam de outros cantos do Brasil para deixar sua marca. Uidemar Pessoa de Oliveira, ou simplesmente Uidemar, foi um desses casos. Vindo de Goiás com a fama de ser um dos melhores meio-campistas do país, ele desembarcou no Rio para se tornar o cérebro e o ponto de equilíbrio de um time que conquistaria um título inédito. Com sua técnica refinada, visão de jogo e um apelido curioso, "Ferreirinha", ele comandou o Flamengo na histórica campanha da Copa do Brasil de 1990.
O Craque do Cerrado e o Apelido "Ferreirinha"
Antes de chegar ao Flamengo em 1989, Uidemar já era um ídolo absoluto no Goiás. Era a grande estrela do time esmeraldino, um meio-campista moderno, que marcava com a mesma eficiência com que armava o jogo. Foi em Goiânia que ele ganhou o apelido que o acompanhou na carreira: "Ferreirinha". A alcunha veio de seu visual, com o cabelo e o bigode que, segundo os torcedores, lembravam o personagem de mesmo nome da famosa novela "Roque Santeiro", um grande sucesso da época.
A Primeira Copa do Brasil
No Flamengo, Uidemar se tornou o pilar do meio-campo. Ele era o clássico "segundo volante", o jogador que ditava o ritmo, com um passe preciso e uma inteligência tática que dava segurança para a defesa e qualidade na saída de bola para o ataque.
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Seu auge com o Manto Sagrado foi na campanha vitoriosa e inédita da Copa do Brasil de 1990. Naquele time que contava com o veterano Júnior, o goleiro Zé Carlos e o jovem Gaúcho no ataque, Uidemar foi o motor, o jogador mais regular e o cérebro da equipe durante toda a competição. Sua atuação na final contra o Goiás, seu ex-clube, foi crucial para garantir o primeiro título do Flamengo na competição.
O Dia de "Uidemaradona": Um Gol Antológico
Além do título, a passagem de Uidemar pelo Flamengo foi marcada por um gol que entrou para o folclore do clube. Em uma partida contra o Corinthians, pelo Brasileirão, ele fez uma jogada espetacular: arrancou do seu campo de defesa, driblou diversos adversários em sequência e tocou com categoria na saída do goleiro Ronaldo Giovanelli. A "pintura" foi tão impressionante que, na época, os jornais e os torcedores o apelidaram, em tom de brincadeira, de "Uidemaradona", em alusão aos gols antológicos do gênio argentino.
Um Legado de Classe e Inteligência
Uidemar deixou o Flamengo em 1991, mas seu nome ficou gravado na história como um dos melhores e mais inteligentes meio-campistas de sua era. Ele não tinha a "marra" de outros ídolos, mas seu futebol cerebral e sua importância vital na conquista da primeira Copa do Brasil garantem a ele um lugar de honra na vasta galeria de craques que vestiram o Manto Sagrado.