Apolinho Técnico: A Incrível História do Radialista que Comandou o Flamengo no Centenário

 No futebol, existem técnicos estudiosos, os motivadores, os pragmáticos. E existiu Washington Rodrigues, o Apolinho. Em 1995, ano do centenário do Flamengo, em uma das decisões mais inesperadas e midiáticas da história do futebol brasileiro, a lenda do rádio, o comentarista mais rubro-negro do dial, trocou o microfone pela prancheta e assumiu o comando do time mais estrelado do país. Sua passagem foi breve, intensa e recheada de paixão, um capítulo único e inesquecível da nossa saga.

Da Cabine de Rádio para o Banco de Reservas: Uma Loucura ou Genialidade?

A história começou em meio a uma crise. O Flamengo celebrava seus 100 anos com um time galáctico, o famoso "Ataque dos Sonhos" com Romário, Sávio e Edmundo, mas os resultados não vinham. Após a demissão do técnico Edinho, o então presidente Kleber Leite chocou o Brasil ao anunciar Washington Rodrigues, o Apolinho, como o novo treinador.

A decisão foi recebida com espanto. Apolinho era, indiscutivelmente, um dos maiores conhecedores de futebol do país e um flamenguista apaixonado, mas não tinha nenhuma experiência formal como técnico. Foi uma aposta de altíssimo risco, uma jogada que misturava marketing, paixão e a busca desesperada por uma solução que unisse o elenco e a torcida.



O Desafio do "Ataque dos Sonhos" e o Estilo "Apolinho"

Comandar aquele vestiário de estrelas não era tarefa fácil. Apolinho, com sua experiência de décadas cobrindo o dia a dia do futebol e seu carisma natural, apostou em uma gestão baseada na motivação, no diálogo e na paixão rubro-negra. Seu estilo não era o do estrategista tático complexo, mas o do "paizão", do torcedor que entendia a alma do clube e tentava transmitir isso aos jogadores. Ele era a personificação da arquibancada no banco de reservas.

A Campanha da Supercopa: Quase a Glória Inesperada

Sob o comando de Apolinho, o Flamengo teve seu momento de maior brilho na Supercopa Libertadores de 1995. Contra todas as expectativas táticas, o time foi avançando na competição e chegou à grande final contra o Independiente, da Argentina. Após uma derrota fora, o Flamengo venceu o jogo de volta no Maracanã por 1 a 0, mas o título escapou na disputa pelo saldo de gols agregado. Foi o "quase" que marcou o auge da passagem do radialista como técnico.

O Fim da Aventura e o Legado Folclórico

Apesar do bom desempenho na Supercopa, o time não conseguiu engrenar no Campeonato Brasileiro, terminando em uma posição decepcionante para o investimento feito. As críticas pela falta de padrão tático aumentaram, e a aventura de Apolinho no comando técnico chegou ao fim após alguns meses.

Ele voltou para sua casa natural, a cabine de rádio, onde continuou a ser a voz apaixonada do futebol carioca por décadas, até seu falecimento em 2024. Sua passagem como técnico não deixou títulos de expressão, mas deixou um legado folclórico. Foi a prova de que a paixão pelo Flamengo pode levar a caminhos inimagináveis, a história surreal e apaixonante do dia em que o maior radialista rubro-negro desceu para tentar reger a orquestra em campo.

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