Quando se ouve o nome Vanderlei Luxemburgo, a imagem que vem à mente é a do técnico multicampeão, de terno, com sua prancheta e suas frases de efeito. Mas muito antes de se tornar o "Professor Luxa", existiu o jogador. Um lateral-esquerdo de muita raça, formado em casa, que defendeu o Manto Sagrado durante toda a década de 70. Esta é a história menos contada de Luxemburgo, a de seus tempos como atleta do Flamengo, um período que ajudou a moldar o comandante vencedor que o Brasil conheceria.
O Berço Rubro-Negro: Luxa é Cria da Gávea
Sim, Vanderlei Luxemburgo da Silva é um autêntico "Cria da Gávea". Ele chegou às categorias de base do Flamengo ainda garoto e percorreu todo o caminho até se profissionalizar no início dos anos 70. Em uma era de ouro para o Ninho do Urubu, ele dividiu vestiários e treinos com jovens que se tornariam lendas, como Zico, Júnior, Adílio e Andrade.
O Lateral de Força e Raça
Como jogador, Luxemburgo era bem diferente do perfil muitas vezes ofensivo e ousado de suas equipes como técnico. Atuando como lateral-esquerdo, ele se destacava pela força física, pela marcação aguerrida e pela grande entrega em campo. Não era um jogador de técnica primorosa como Júnior, que surgiria logo depois, mas sim um defensor combativo, um lateral de força, cuja principal missão era fechar o lado esquerdo e dar segurança ao sistema defensivo. Sua raça e seu espírito de luta eram suas maiores virtudes.
Títulos Cariocas e a Transição para a Geração de Ouro
Luxemburgo fez parte de um período importante de transição no clube. Ele integrou os elencos vitoriosos que conquistaram os Campeonatos Cariocas de 1972, 1974 e 1978. Embora não fosse o protagonista principal em meio a tantos talentos que floresciam, sua presença como um jogador dedicado e cumpridor taticamente foi valiosa para aqueles times. Ele vivenciou de perto o nascimento da Geração de Ouro, atuando ao lado das futuras lendas em seus primeiros passos no profissional.
A Aposentadoria Precoce e o Nascimento do Treinador
A carreira de Luxemburgo como jogador foi encerrada de forma abrupta e precoce. Uma grave lesão no joelho, em 1978, o forçou a pendurar as chuteiras quando ainda tinha muito a oferecer. O que parecia um fim trágico, no entanto, foi o início de uma nova e ainda mais gloriosa jornada. Quase que imediatamente após parar de jogar, ele iniciou sua carreira como treinador, começando nas categorias de base do Campo Grande e, rapidamente, mostrando a inteligência e a liderança que o levariam ao topo do futebol brasileiro.
O legado de Vanderlei Luxemburgo como jogador é o da base, da origem. É a história do "Cria da Gávea" que, com raça e dedicação, honrou o Manto por uma década, antes de trocar as chuteiras pela prancheta e se tornar um dos maiores técnicos da nossa história.