No panteão de rivalidades do Flamengo, os nomes são históricos e geográficos: Fluminense, Vasco, Botafogo. São os clássicos que moldaram o futebol do Rio e do Brasil. Mas, nas últimas décadas, um outro adversário, de fora do estado, insiste em nos tratar como seu maior inimigo, transformando cada partida em uma verdadeira batalha. A relação entre Flamengo e Atlético Mineiro não é um clássico; é uma hostilidade, forjada em decisões polêmicas e que, para a Nação Rubro-Negra, sempre pareceu uma "rivalidade unilateral".
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O Estopim de Tudo: A Guerra da Libertadores de 81
Para entender a origem de toda a animosidade, é preciso voltar a 1981. Na fase de grupos da Copa Libertadores, Flamengo e Atlético-MG protagonizaram o que é, talvez, o jogo mais polêmico da história da competição. Na partida de desempate, no Serra Dourada, o árbitro José Roberto Wright teve uma atuação rigorosa e expulsou cinco jogadores do time mineiro, encerrando o jogo por falta de atletas em campo e classificando o Flamengo.
Para o Atlético, aquele dia foi o marco zero de uma suposta "perseguição" e o nascimento de um ódio eterno pelo Flamengo. Para nós, foi a superação do primeiro grande obstáculo rumo à Glória Eterna. A "mágoa" daquele dia, para eles, nunca cicatrizou e alimenta a rivalidade até hoje.
Uma Freguesia em Finais e Mata-Matas
Desde aquele confronto em 81, o destino nos colocou frente a frente em outros momentos decisivos. E a história, na maioria das vezes, se repetiu:
Final do Brasileiro de 1980: Antes mesmo da Libertadores, o Flamengo, com dois gols de Nunes, venceu o Atlético por 3 a 2 na finalíssima no Maracanã e conquistou seu primeiro título brasileiro.
Semifinal da Copa União de 1987: A "SeleFla" de Zico e Renato Gaúcho eliminou o Atlético na semifinal, em mais uma vitória crucial em mata-mata.
Quartas da Copa do Brasil de 2022: Em um confronto eletrizante, o Flamengo de Dorival Júnior reverteu a derrota do primeiro jogo com uma vitória categórica no Maracanã e avançou rumo ao título.
A Era Moderna: O Duelo dos "Novos Ricos"
Nos últimos anos, com ambos os clubes se tornando as maiores potências financeiras do Brasil, a rivalidade se reacendeu. Os confrontos diretos passaram a valer títulos brasileiros e vagas em finais. O Atlético conseguiu uma vitória marcante na Supercopa de 2022, nos pênaltis, mas, no geral, o Flamengo manteve a superioridade nas conquistas mais relevantes do período, como os Brasileiros de 2019 e 2020 e a Libertadores de 2019 e 2022.
Então, é uma Rivalidade ou uma Obsessão?
Do ponto de vista rubro-negro, a questão é clara. Respeita-se a força do Atlético-MG como um dos grandes clubes do Brasil, e todo jogo contra eles é tenso e importante. No entanto, a carga emocional não é a mesma de um clássico contra Vasco ou Fluminense.
A sensação que fica para a Nação é que, para o Atlético, vencer o Flamengo é "o jogo do ano", uma questão de honra, uma tentativa de validar sua grandeza em comparação à nossa. Para o Flamengo, é mais um adversário forte na caminhada por títulos. Por isso, a percepção de uma "rivalidade unilateral" se consolidou: para eles, somos o maior inimigo; para nós, eles são apenas mais um na nossa longa lista de vices.